É-me difícil expressar por palavras alguns sentimentos que tenho, alguns deixam-me extremamente feliz e fazem com que sinta uma sensação de leveza, uma sensação de que se terminasse o mundo naquele momento, eu estaria tão abstraído a pensar em coisas alegres que nem dava por nada e pereceria contente!
Por outro lado estão os sentimentos que me fazem outras coisas, eu sei que um pseudo-aspirante a escritor como eu deveria ter perícia suficiente pelo menos para expressar o que está a pensar num determinado momento, mas acreditem que me é complicado quantificar, explicar e até perceber alguns sentimentos que sinto. Alguns sinto-os no coração como agulhas, que me deixam dores no peito, que fazem com que a minha alegria e o meu sorriso lentamente se escoem pelo canto dos meus lábios. Alguns fazem-me querer ficar deitado dias e dias sem me mexer, em posição fetal, como que a procurar o sitio onde nada nos atingia como no ventre materno. Alguns sinto-os no meu rosto como dedos de uma mão a esbofetear-me, duros e rijos que deixam a sua marca vermelha no rosto que outrora sorria e dão lugar a uma nova expressão, com lágrimas como companheiras.
Como escrever então o que sinto quando ambos os sentimentos se misturam?
Como escrevo quando o que sinto quando gosto, aprecio e adoro está na minha cabeça e partilha espaço com a dor, com a angustia, com a sensação preocupante do desconhecido e do inesperado?
Acho que posso atribuir-lhe nomes, mas os nomes não vão mostrar o quanto sofro, não vão espelhar a ansiedade que sinto, a satisfação que me aquece quando tenho o que adoro e o desespero da falta sentida quando vejo longe o que me faz ser alegre. Gostava que sentimentos fossem mais fáceis de explicar, gostava de escrevinhar um caderno com algumas palavras e deixar transparecer o que vai dentro de mim, desenhar numa folha alguns nomes de sensações e passa-las como uma cabula em dia de exame na escola, para que tivesses a resposta correcta. Sei a palavra que me faz sorrir como nenhuma outra, sei a palavra que me faz chorar, sei que tenho tanta coisa para te dizer e nenhuma coragem para desabafar. Sei como sou, com sentimentos que não consigo explicar, sei como sou, com mágoas que não me atrevo a contar, sou complicado, tenho espontaneidade quando deveria ser mais ponderado a falar, sou escritor abalado por não ter habilidade para te guardar...
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