quarta-feira, 2 de março de 2011

Saúde excentri-coiso-e-tal

Hoje foi dia de madrugar. Um joelho malvado que me trama de vez em quando, decidiu desta vez não querer sarar e as dores forçaram-me a visitar a senhora doutora.
Acordo a muito esforço, trato da minha higiene pessoal, visto a roupinha previamente escolhida no dia anterior, para que não desperdice tempo de manhã. Subo a calçada com a brisa matinal num dia de céu limpo mas  ainda de Inverno, não esquecer, a cortar me a cara à medida que pé ante pé traçava o meu caminho semi-a-pique em direcção ao posto de saúde das Mónicas.
Duas carrinhas com material de construção fazem de prelúdio ao que eu já estava a imaginar, o centro encontra-se em obras de remodelação e está agora em funcionamento no local alternativo, na Rua do Alecrim. Pus-me a caminho então do novo centro com uma sensação interior de Timothy Mcveigh que no entanto se ia dissipando com o sol que me começava a aquecer. Chego ao local e de novo uma sensação de admiração...não tinha ninguém à minha frente na recepção do posto! Inédito!! Sorriso na cara ao ouvir a senhora da recepção exclamar: "Aqui tão longe só vem quem está doente!!" - Sorri-lhe de volta, agradeci a marcação da consulta e dirigi-me para a sala de espera.
É incrível como conseguimos sempre ler quase uma obra literária enquanto aguardamos que o "speaker" faça aquele distinto aviso sonoro a la centre de salud! Passei os olhos por um Destak e por um Metro até que fiquei a ouvir as historias épicas das senhoras de idade que se encontravam na mesma sala. Uma que aconselhava a outra a beber um cálice de aguardente de manhã que lhe matava logo o "bicho" e a outra que me fascinou mais que quando era uns anos mais nova e trabalhava no banco, por causa de um arrufo no autocarro teve de ir a tribunal. Passo a explicar, tal como ela o fez. Ao partilhar a ideia de que os lugares sentados eram para oferecer aos que por motivos de saúde estavam necessitados e não para serem cedidos aos mais velhos, recorda e relata uma situação similar, num autocarro nos seus tempos de trabalho em que levou uma chapada por ter cedido o lugar a um invalido, em vez de o ter feito a uma senhora com mais idade que tinha entrado antes. Remata com um: "peguei no chapéu de chuva, sim, que era Inverno e dei-lhe com ele na cabeça até fazer sangue!!! Depois quando fui à esquadra tive de pagar 900 escudos e as despesas do hospital daquela sem-vergonha porque estava com três meses de pena suspensa por ter andado à porrada com uma varina e as irmãs!!!" A sala inteira riu enquanto ela contou a sua peripécia, entretanto o tal do barulhinho característico ouviu-se de novo e chamavam o meu nome de seguida.
Uns minutos mais tarde, com papeis para baixa, papeis para "guloseimas" para as dores e papeis para um raio-x, lá me meti a andar para ir marcar a radiografia...com sorte não será nada, ainda que a ideia de ser operado para resolver este problema chato que me assola já há uns bons anos de forma intermitente, não me seja desagradável de todo, se isso significasse uma correcção permanente do problema. E hoje vou ver o meu Glorioso jogar...não me canso de pensar que se fosse jogador profissional de futebol já teria esta situação resolvida sem andar de um lado para o outro tanto tempo...mas depois lembro-me do Mantorras...e acreditam que até já nem dói assim tanto?...

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